Pular para o conteúdo principal

Realizando Medições

Neste capítulo vamos aprender a realizar nossas primeiras medições em circuito.

Vamos começar alterando nosso circuito do capítulo anterior. Troque o resistor anterior por  um de 470Ω.

Esquematicamente o circuito é o mesmo, mas os cálculos irão mudar e esse é o nosso interesse, ou seja, praticar a lei de Ohm e conferir as medições.


Comece escolhendo a escala de medição de tensão continua. Em nosso circuito o valor medido deve ser superior a 6V, então escolha uma escala acima disto. No exemplo abaixo, vemos que a escala mais próxima é 20V. Sem problemas, escalas maiores medem valores maiores, mas o contrário pode danificar o multímetro.

Selecione no multímetro a escala de medida de tensão contínua.

Esquematicamente, eis o que você deve fazer para poder medir a tensão do resistor e do led:


Agora, vejamos na prática estas medições :



Se somarmos as quedas de tensão obtemos a tensão total do circuito Vt = Vresistor + Vled.

Vt = 6,68 + 2,12
Vt = 8,8 V

Com a tensão total podemos calcular a corrente do circuito, usando a lei de Ohm:

I = V / R
I = 8,8 / 470
I = 0,018 A ou 18 mA

Será que eu posso medir esse valor com o multímetro para conferir? Claro que podemos, mas temos que tomar algum cuidado. Diferente da medida de tensão, a medida de corrente exige que interrompamos o circuito e coloquemos o multímetro em série com o circuito.

Nossa corrente deve ser próxima de 20 mA então escolha essa escala ou maior. Nunca escolha uma escala menor que a medição esperada. Se não tiver uma noção do valor  a ser medido, comece com a mais alta das escalas. Em nosso caso escolhi no multímetro 200 mA que será mais do que suficiente.





Esquematicamente, eis o que você deve fazer para poder medir a corrente do circuito:


Note que você pode introduzir o multímetro para medir a corrente em qualquer ponto do circuito, desde que o coloque em série com este e o resultado encontrado deve ser o mesmo.


Problemas
1)      Os resultados medidos são diferentes do calculado. Por quê?
2)      Por que precisei interromper o circuito para medir a corrente, mas não precisei fazê-lo para medir a tensão?

Solução do Problema 1:
Sempre haverá pequenas diferenças que se devem a tolerância dos resistores e diferenças de fabricação nos componentes e dos multímetros. No entanto, a medida da corrente apresentou uma diferença cuja explicação vai além desses fatores:

Valor calculado da corrente
18 mA ou  0,018 A
Valor medido da corrente
13, 9 mA ou 0,0139 A

Essa diferença era esperada, pois quando introduzimos o multímetro em série no circuito para podermos medir sua corrente, introduzimos sua resistência interna. Em outras palavras, o multímetro passa a fazer parte do circuito e sua resistência interna influi no circuito. No entanto, quando calculamos a corrente não levamos em conta a resistência interna do multímetro por isso a diferença entre o calculado e o multímetro.
Você pode observar o fato de que quando você interrompe o circuito o led, obviamente, se apaga. Mas quando você coloca o multímetro no circuito ele volta a acender. Em termos simples, a corrente do circuito, passa por dentro do multímetro, pois ele passa a ser parte do circuito nas medidas de corrente.
Se pudéssemos medir a corrente como medimos a tensão essa diferença não apareceria, mas não podemos fazer isso. Por quê? Bom, essa é a resposta do problema 2.

Solução do Problema 2:
Vamos direto ao ponto. A tensão em um circuito paralelo é a mesma para todos os elementos. A corrente, por sua vez, é a mesma em todos os elementos em um circuito em série.
Assim, quando medimos a tensão , colocamos o multímetro em paralelo com o componente a ser medido. Desta forma, o valor da tensão no multímetro é a mesma do componente.
Quando medimos a corrente, colocamos o multímetro em série com o circuito que desejamos medir, assim a corrente do multímetro é a mesma dos componentes ligados ao circuito. Embora, tenhamos visto no problema (1) que a resistência do multímetro acaba afetando a medição.


Existem explicações técnicas bem mais complexas que isso, são as chamadas Leis de Kirchoff (talvez você se lembre do seu ensino médio, ou não...).  Nós chegaremos a elas oportunamente.

Autor : 
Marcos Pizzolatto




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Transistor PUT

Vamos continuar nossos estudos sobre transistores conhecendo agora o Transistor de Unijunção Programável ou PUT. Sua função mais primitiva é gerar uma corrente de pulsos. Vamos fazer uma lista de materiais e montar dois circuitos simples usando o PUT para que você veja isso na prática e possa comparar seu funcionamento com os transistores NPN e PNP. Experimento 10.1 Lista de Material - Resistores de 20K e 100K - Capacitor eletrolítico 0,01µF - LED - 2n6027 transistor PUT - Fonte de 12 V Em nosso circuito final faremos um um led ficar piscando intermitentemente. Antes de montá-lo vamos entender o transistor programável de unijunção (PUT) e montar um circuito teste.   Observe no circuito o símbolo: Ele indica que aquele ponto deve ser ligado ao Terra ou Ground, ou simplesmente ao pólo negativo da bateria. Muitas vezes utilizado para diminuir o número de linhas do circuito para que o desenho não fique visualmente muito poluído. Eis agora , ...

Circuitos Integrados

O Circuito Integrado ou abreviadamente CI, é um dispositivo eletrônico que reúne diversos componentes em uma única peça e executa diversas tarefas avançadas. No entanto, se você pegar o CI de um computador, por exemplo,  e remover sua carcaça, não verá componentes comuns. Ocorre que os atuais CIs não utilizam componentes como aprendemos até agora. Tais componentes são grandes e resultariam em um CI enorme. Dê uma olhada neste CI. Eles são assim por dentro:  Neste capítulo veremos CIs que implementam funções lógica como as que estudamos nos capítulos anteriores.  Agora de uma olhada nessas duas figuras abaixo: O que você está vendo acima são dois  Circuitos Integrados  ou CI. Eles têm esse nome porque  Integram  em uma única peça funções lógicas. Na primeira imagem (7408) repare que os terminais dos componentes correspondem a 4 portas AND, enquanto a segunda figura (7432) tem representadas 4 portar OR. Os outros pinos são o ter...

Eletrônica Digital :Álgebra de Boole

George Boole (1814-1864), matemático e filósofo britânico, no século XIX investigou as leis fundamentais das operações da mente humana ligadas ao raciocínio e criou a Álgebra  Booleana, base da atual aritmética computacional. Enquanto que a álgebra tradicional opera com relações quantitativas, a álgebra de Boole opera com relações lógicas. Enquanto que na álgebra tradicional as variáveis podem assumir  qualquer valor, na álgebra booleana, as variáveis, aqui denominadas por variáveis binárias, apenas podem assumir um de dois valores binários, “ 0”  ou “ 1” . Estes valores binários não exprimem quantidades, mas apenas, e somente, estados do sistema. Vamos simplificar isso. Dê uma olhada no circuito abaixo. Nele existem quatro interruptores e uma lâmpada. Quando essa lâmpada irá acender? Ora, ela só irá acender quando todos os interruptores estiverem ligados. Neste circuito cada interruptor só pode apresentar uma de duas posições: ligado ou desligado. Ago...