Pular para o conteúdo principal

Circuitos RC

Sabe aquela luzinha que acende quando você abre a porta do carro e ela vai se apagando aos pouquinhos? Pois é, aquilo é um circuito RC e é ele que vamos experimentar nesse capítulo. Para tanto, teremos que conhecer mais um componente: O capacitor.

O que faz um capacitor?
Um capacitor conectado através de fonte de tensão CC poderá acumular carga que persiste após a fonte ser desconectada. Assim, o capacitor armazena carga como uma pequena bateria recarregável. Esta carga e descarga são muito rápidas e podem ser limitada por um resistor, assim podemos habilitar o capacitor a funcionar como um circuito de tempo.
O capacitor ainda pode ser utilizado como filtro contra “ruídos” elétricos em áudio e na construção de fontes de tensão.

Abaixo podemos ver os símbolos esquemáticos dos capacitores. Note que existem capacitores polarizados, os chamados eletrolíticos, que devem ser conectados corretamente ao circuito, mas a maioria deles possui indicação dos pólos:



Como funciona?
O capacitor basicamente é composto por duas placas condutivas separadas por um isolante chamado dielétrico. O dielétrico pode ser de papel, vidro, poliéster, mica, ar e mesmo o vácuo. Para muitos capacitores o dielétrico dá nome ao próprio capacitor. Assim, um capacitor de poliéster tem este material plástico como isolante ou dielétrico
A relação entre a quantidade de cargas que pode ser armazenada em um capacitor e a tensão (V) que mantém estas cargas nas armaduras é denominada capacitância, ou seja, a capacidade do capacitor (C), sendo medida em farads (F).

Na prática, é comum expressarmos a capacitância de um capacitor através dos submúltiplos do farad:

Microfarad (μF) = 0,000 001 Farad = 10-6 F
Nanofarad (nF) = 0,000 000 001 Farad = 10-9 F
Picofarad (pF) = 0,000 000 000 001 Farad = 10-12 F

Existe uma variante de tipos de capacitores quanto ao seu formato externo.
Quanto a disposição dos terminais, alguns formatos como o radial , por exemplo, são mais indicados para utilização em circuitos impressos, assim como os SMD (surface-mount device).




O material dielétrico usado em sua fabricação determina suas aplicações específicas:

  • Cerâmicos: Capacitores pequenos, de baixo custo, adequados para altas frequências. São fabricados com valores de capacitância de picofarads (pF) até 1 microfarad (µF).
  • Poliéster: Muito utilizados para sinais AC de baixa frequência. Seu valor típico de capacitância reside na ordem dos nanofarads (nF).
  • Tântalo: Alta capacitância e tamanho reduzido. Podem ser polarizados ou não-polarizados. Possuem maior custo de produção em relação aos capacitores eletrolíticos.
  • Mica: Não sofrem variação com o tempo, porém, de alto custo de produção.
  • Óleo: Alta capacitância e são indicados para aplicações industriais, pois suportam altas correntes e picos de tensão elevados.
  • Eletrolíticos: O dielétrico é o óxido de alumínio imerso em uma solução eletrolítica. São polarizados de alto valor de capacitância, muito utilizados em fontes de alimentação. Possuem custo reduzido em relação ao valor da capacitância, porém, proporcionam grandes perdas e seu uso é limitado a baixas frequências.





Circuito RC

O circuito composto de um resistor, um capacitor e uma fonte de tensão ou força eletromotriz (fem), é denominado circuito RCVeja no exemplo abaixo:


O resistor no circuito pode carregar 63,2% de um capacitor em t segundos, sendo

t = R . C
·       t: chamada de constante de tempo e dada em segundos;
·       R: resistência elétrica, dada em ohms
·       C: capacitância, dada em farads
Isto é, a tensão elétrica no capacitor após “t” segundos de carga é igual à 63,2% da tensão elétrica de carga. Na prática, pode-se considerar que o capacitor carrega-se totalmente após 5 constantes de tempo.


Exemplo de Carga de um Capacitor
Vejamos agora um exemplo para confirmar os cálculos. Utilizaremos para tanto o circuito modelo da figura abaixo:


Após uma constante de tempo RC, o capacitor carrega com 63,2% da tensão da fonte.( 63,2% de V ).


t= R . C  
t= 100.103 * 100.10-6 
t = 10 segundos


Assim, após 10 segundos o capacitor terá uma carga de 63,2% de V) e após 5.R.C, o capacitor está praticamente carregado com a tensão da fonte (99,3% de V).

t = 5*R*C = 5. (100.103 * 100.10-6)
t = 50000.10-3 segundos
t = 50 segundos


Nota-se que a função do resistor R é controlar o tempo de carga do capacitor. O tempo de carga depende diretamente do produto R.C.
Observemos a tabela abaixo que nos permite acompanhar a evolução da carga no capacitor de nosso exemplo:



Depois do tempo de carga (5*R*C), o capacitor fica completamente carregado, a corrente torna-se nula e a diferença de potencial no resistor é igual a zero. Dessa forma a ddp (diferença de potentcial ou queda de tensão) final nos terminais do capacitor é igual à da bateria (Vt = Vc).
A tabela a seguir mostra o processo inverso que é a descarga do capacitor:


Experimento 7.1

Vamos olhar para nosso circuito prático:


Lista de Material
- Bateria 9 V
- Capacitor eletrolítico 100µF
- Resistor 100KΩ
- Resistor 330Ω
- Led
- Chave 3 posições (SPDT)
- Protoboard
- Multímetro

O objetivo dele é medir a tensão sobre o capacitor com a passagem do tempo. Após isso, vamos implementá-lo para vermos na prática a carga e descarga do capacitor.

Tente montá-lo na protoboard e coloque o multímetro sobre o capacitor.Lembre-se que o capacitor é eletrolítico, logo, tem polaridades. Atente para a correspondência entre o capacitor e as ponteiras do multímetro (Vermelho=positivo, preto=negativo).

O ideal seria um osciloscópio, aí você poderia ver a curva de carga e descarga do capacitor de forma real. Mas este é um instrumento caro demais para nossas intenções atuais.


Primeiro você precisará soldar três pedaços de fio nos terminais da chave como na figura abaixo:


Quando a chave estiver na posição (1), ou seja, estiverem em contato o terminal positivo da bateria e o resistor, o capacitor se carrega. Faça isso e observe no multímetro o valor da tensão sobre o capacitor subir até o máximo.
Quando a chave estiver na posição (3), ou seja, estiverem em contato o terminal negativo da bateria e o resistor, o capacitor se descarrega. Faça isso e observe no multímetro a tensão sobre o capacitor cair até praticamente zero.


Observe que utilizamos garras jacaré para facilitar nossas medições, conectando-as às ponteiras do multímetro e aos terminais do capacitor. Lembre-se de observar as polaridades.


Agora vamos implementar nosso circuito e colocar em paralelo com o capacitor um resistor e um led. Assim:


Devemos observar o led acender lentamente com a chave na posição (1). Depois coloque a chave na posição (3) e observe o led apagar-se. Lembre-se, o tempo de carga e descarga pode ser determinado pelo resistor em série com o capacitor. Experimente colocar um resistor ou, quem sabe, um potenciômetro com um valor maior e observar o que acontece. Faça medições, experimente.


Autor
Marcos Pizzolatto



Referências










Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Transistor PUT

Vamos continuar nossos estudos sobre transistores conhecendo agora o Transistor de Unijunção Programável ou PUT. Sua função mais primitiva é gerar uma corrente de pulsos. Vamos fazer uma lista de materiais e montar dois circuitos simples usando o PUT para que você veja isso na prática e possa comparar seu funcionamento com os transistores NPN e PNP. Experimento 10.1 Lista de Material - Resistores de 20K e 100K - Capacitor eletrolítico 0,01µF - LED - 2n6027 transistor PUT - Fonte de 12 V Em nosso circuito final faremos um um led ficar piscando intermitentemente. Antes de montá-lo vamos entender o transistor programável de unijunção (PUT) e montar um circuito teste.   Observe no circuito o símbolo: Ele indica que aquele ponto deve ser ligado ao Terra ou Ground, ou simplesmente ao pólo negativo da bateria. Muitas vezes utilizado para diminuir o número de linhas do circuito para que o desenho não fique visualmente muito poluído. Eis agora , ...

Circuitos Integrados

O Circuito Integrado ou abreviadamente CI, é um dispositivo eletrônico que reúne diversos componentes em uma única peça e executa diversas tarefas avançadas. No entanto, se você pegar o CI de um computador, por exemplo,  e remover sua carcaça, não verá componentes comuns. Ocorre que os atuais CIs não utilizam componentes como aprendemos até agora. Tais componentes são grandes e resultariam em um CI enorme. Dê uma olhada neste CI. Eles são assim por dentro:  Neste capítulo veremos CIs que implementam funções lógica como as que estudamos nos capítulos anteriores.  Agora de uma olhada nessas duas figuras abaixo: O que você está vendo acima são dois  Circuitos Integrados  ou CI. Eles têm esse nome porque  Integram  em uma única peça funções lógicas. Na primeira imagem (7408) repare que os terminais dos componentes correspondem a 4 portas AND, enquanto a segunda figura (7432) tem representadas 4 portar OR. Os outros pinos são o ter...

Eletrônica Digital :Álgebra de Boole

George Boole (1814-1864), matemático e filósofo britânico, no século XIX investigou as leis fundamentais das operações da mente humana ligadas ao raciocínio e criou a Álgebra  Booleana, base da atual aritmética computacional. Enquanto que a álgebra tradicional opera com relações quantitativas, a álgebra de Boole opera com relações lógicas. Enquanto que na álgebra tradicional as variáveis podem assumir  qualquer valor, na álgebra booleana, as variáveis, aqui denominadas por variáveis binárias, apenas podem assumir um de dois valores binários, “ 0”  ou “ 1” . Estes valores binários não exprimem quantidades, mas apenas, e somente, estados do sistema. Vamos simplificar isso. Dê uma olhada no circuito abaixo. Nele existem quatro interruptores e uma lâmpada. Quando essa lâmpada irá acender? Ora, ela só irá acender quando todos os interruptores estiverem ligados. Neste circuito cada interruptor só pode apresentar uma de duas posições: ligado ou desligado. Ago...